
Muitas pessoas podem se perguntar se depois de tantos filmes sobre o morcegão (batman), seria possível trazer algo novo e original? A reposta: sim! Foi o que Matt Reeves (Planeta dos Macacos: O Confronto) fez em seu Batman, mostrando outros aspectos do personagem, trazendo uma nova concepção do Cavaleiro das Trevas para os cinemas. O que tornou muito assertivo a escolha de Robert Pattison para seu protagonista, que entregou um Batman inseguro, em construção, falho e questionando sua missão. Que conseguiu trazer uma profundidade ao papel que nenhum outro ator conseguiu.
Outro grande acerto, foi que depois que Affleck saiu de vez do filme, o estúdio deu carta branca para que Reeves fizesse uma nova história do Batman, sem que ela precisasse ter ligação com o Universo Estendido DC (a franquia da Liga da Justiça), e também de resgatar o que deu certo no passado através de um outro olhar. Um bom exemplo disso é quando decide pular a origem do personagem (graças a Deus) que jurou combater o crime após perder os pais durante um assalto e apresentar aspectos diferentes da família do herói. E ainda o fato de que a trama se passa no segundo ano do Batman como vigilante de Gotham, levando ele direto para a ação. Enquanto tenta livrar Gotham de seus bandidos, precisa lidar com uma nova ameaça com a chegada do Charada, interpretado brilhantemente por Paul Dano, fortemente inspirado em serial killers da vida real e que em certo momento dá um ar de filme de terror a aventura.
The Batman também bebe da fonte do cinema noir, com narração off, femme fatale (Selina Kyle) e uso da iluminação e das penumbras na fotografia, como forma de imersão na mente de Batman e Gotham ao mesmo tempo.

Entre os destaques do elenco está Zoë Kravitz que nasceu para ser a Mulher-Gato e entrega uma Selina enérgica, carismática e que rouba a cena algumas vezes. A química com Pattinson é evidente, nos deixando ansiosos pelas próximas sequências.
Como o filme foca no universo de Gotham City, temos que destacar um Colin Farrell irreconhecível como Pinguim, e que dá a sensação que o próprio Oswald Cobblepot saiu dos quadrinhos para a Gotham de Reeves. Que aliás, de todas já representada no cinema é a minha favorita, pois lembra Los Angeles de Blade Runner e deixa o filme mais sombrio em relação aos anteriores.
Outro elemento que merece destaque é a música! Quando Reeves coloca Something in the Way do Nirvana durante um passeio de moto de Bruce é como se a música tivesse sido feita para o filme!
O diretor disse em entrevistas que se inspirou em Kurt Cobain para criar seu Batman. “Quando eu escrevo, eu escuto música e, enquanto estava escrevendo o primeiro ato, coloquei ‘Something In The Way’ do Nirvana. Foi quando me dei conta de que, em vez de fazer de Bruce Wayne a versão playboy que vimos antes, há outra versão que passou por uma grande tragédia e se tornou um recluso. Então, comecei a fazer essa conexão com [o filme] ‘Last Days’, de Gus Van Sant, e a ideia dessa versão ficcional de Kurt Cobain neste tipo de mansão decadente.”
Ele ainda contou que: “Nesse filme você podia realmente sentir sua vulnerabilidade e desespero, mas também podia sentir seu poder. Achei uma ótima combinação. Ele também tem aquela coisa de Kurt Cobain, em que ele parece um astro do rock, mas você também sente que ele poderia ser um recluso.”
Por esses e por outros motivos é que cada um dos 175 minutos do filme valem a pena serem conferidos no cinema, porque a experiência não será a mesma fora da telona!!
Ficha técnica
Título: Batman
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Matt Reeves e Peter Craig
Data de lançamento: 3 de março de 2022
País de origem: Estados Unidos
Duração: 2h 55min
Sinopse: Da Warner Bros. Pictures chega THE BATMAN com o realizador Matt Reeves no comando e protagonizado por Robert Pattinson no duplo papel de detetive de Gotham City e do seu alter ego, o bilionário solitário Bruce Wayne, que precisa deter um serial killer em um de seus primeiros casos sob o manto de vigilante.