Cinema: O Quarto ao Lado, melhor de filme de Almodóvar chega aos cinemas!

O Quarto ao Lado, longa-metragem dirigido e escrito por Pedro Almodóvar, apresenta as jornalistas Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton), que foram muito amigas na juventude, quando trabalharam juntas na mesma revista, mas que passaram longos anos sem manter contato. Ingrid se tornou escritora de auto ficção, já Martha virou correspondente de guerra, e ambas trilharam carreiras muito bem sucedidas. As circunstâncias da vida e o trabalho desafiador de Martha, acabaram causando um afastamento natural entre as duas. Assim como gerou ressentimentos entre Martha e sua filha: ela nunca perdoou a ausência da mãe, que sempre preferiu se dedicar mais ao trabalho. Até que a descoberta de uma doença terminal, muda completamente a vida da jornalista de guerra, e aproxima novamente as amigas. E em meio a uma situação extrema, de vida e morte, Ingrid e Martha também se veem diante de um dilema moral. O filme conquistou o Leão de Ouro em Veneza, em 2024.

CRÍTICA

“O Quarto ao Lado” é uma obra-prima de Pedro Almodóvar, onde a sensibilidade do diretor é evidenciada na maneira como ele trata temas complexos como morte e eutanásia. A narrativa nos transporta para um universo introspectivo, onde o significado da vida e a intensidade das relações humanas são explorados com profundidade e delicadeza.

Tilda Swinton, em uma performance deslumbrante, assume dois papéis distintos com maestria: Martha, uma mulher que enfrenta a terminalidade da vida, e sua filha, que tem um relacionamento conturbado com a mãe. Swinton consegue transitar entre essas personalidades com uma naturalidade e intensidade que cativam e emocionam o espectador, tornando cada cena uma aula de atuação.

A direção de Almodóvar é primorosa ao abordar assuntos tão delicados. Ele utiliza uma paleta de cores e uma cinematografia que transmitem tanto a beleza quanto a melancolia da vida, criando um contraste poderoso entre a vivacidade das personagens e a iminência da morte. Sua capacidade de humanizar e dar voz a temas tabus é admirável, fazendo com que o público reflita sobre as escolhas que fazemos e suas consequências.

Além dos temas centrais, “O Quarto ao Lado” também nos brinda com uma mensagem tocante sobre a verdadeira amizade. As relações interpessoais são mostradas como âncoras em tempos de adversidade, e a conexão entre as personagens revela a profundidade e a complexidade do afeto humano. No fim, o filme nos deixa com uma sensação de esperança e uma nova perspectiva sobre a importância das conexões humanas genuínas.

O elenco ainda traz John Turturro, que traz mais um contraponto, especialmente para Ingrid. Seu personagem discute de forma quase apocalíptica a crise ambiental. Enquanto os dois caminham entre árvores, dialogam sobre o fim do planeta como um fim das relações, das conexões humanas.

“O Quarto ao Lado” não é apenas um filme, mas uma reflexão poderosa e artística sobre vida, morte e as nuances da amizade. Almodóvar e Swinton nos presentearam com uma obra que ressoará por muito tempo no coração e na mente de quem a assiste.

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