
Quis explorar o que a ideia de couture poderia significar dentro do contexto da Chloé. Um paradoxo para uma maison fundada sobre os princípios de liberdade democrática e leveza – algo que, à primeira vista, não faz parte de seu DNA essencial. Quis testar os limites do que define a Chloé, expandindo sua linguagem, levando-a a novos e inexplorados territórios e revisitando o motivo e a forma como Gaby Aghion fundou a marca.
“Criei a Chloé porque amava a ideia da couture, mas achava o conceito um pouco ultrapassado – um tanto artificial. Uma coisa bela e de qualidade deve ser vista nas ruas, usada por mulheres reais.”
— Gaby Aghion
Gosto da ideia de revisitar aquilo que Gaby Aghion rejeitou, sem trair o DNA original da maison. Como poderíamos criar uma silhueta pensada, mas despretensiosa; manter a estrutura, mas sem rigidez; alcançar a forma, mas permanecendo livre?
Nos cafés Flore e Brasserie Lipp, as primeiras coleções da Chloé, no final dos anos 1950, inspiravam-se na silhueta da couture, mas sem depender de forros, armações ou estruturas. Eram peças sem formalidade ou elitismo, com uma leveza que não deixava de lado o savoir-faire artesanal – algo que criava a percepção de uma coleção entre deux: entre a couture e o prêt-à-porter.
Assim, voltei a algo muito pessoal para mim: o gesto instintivo do drapeado, buscando forma, volume e movimento. Uma leveza obtida por meio de pregas, nós e envolvimentos. Espontâneo, mas cuidadosamente estudado.
Para mim, essa coleção tornou-se uma fusão entre a grandiosidade das técnicas inspiradas na couture e a simplicidade dos tecidos mais cotidianos, como o algodão popeline. Eliminei tudo o que não fosse essencial, trabalhando apenas com materiais simples, “pobres”, e dando-lhes forma por meio do drapeado. Reinterpretei estampas florais dos arquivos dos anos 1950 e 1960 e redesenhei peças clássicas do guarda-roupa exterior em algodões leves e fluidos.
A decisão de realizar o desfile em uma das salas de conferência da UNESCO foi intencional e simbólica. O espaço, de arquitetura pós-moderna, foi construído na mesma época dos primeiros anos da Chloé e representa diálogo aberto, liberdade e troca de ideias – um lugar que celebra a criatividade em todas as suas formas.
Com carinho,
Chemena
“ENTRE DEUX” COLLECTION
Verão 2026
Direção Criativa: Chemena Kamali
Styling: Elodie David Touboul
Cabelo: Paul Hanlon
Maquiagem: Yadim
Casting: Piergiorgio Del Moro
Trilha sonora: Konstantin Wehrum & Deck d’Arcy
Produção: La Mode en Images
SOBRE A CHLOÉ
Fundada em 1952 por Gaby Aghion, uma parisiense nascida no Egito, a Chloé libertou as mulheres da moda formal da época ao inaugurar o conceito de luxo pronto para vestir (luxury ready-to-wear). Visionária, Gaby acreditava que as mulheres deveriam ousar ser elas mesmas.
Hoje, a Maison segue como uma das principais casas de moda francesas, preservando a visão de feminilidade livre e espontânea de sua fundadora, sob a direção criativa de Chemena Kamali.
SOBRE CHEMENA KAMALI
Nascida na Alemanha em 1981, Chemena Kamali é formada em Master of Arts in Fashion pela Central Saint Martins University of the Arts, em Londres, sob orientação da renomada professora Louise Wilson. Com mais de duas décadas de experiência, a designer alemã tem uma longa trajetória ligada à Chloé. Iniciou sua carreira na maison integrando a equipe de Phoebe Philo e, mais tarde, retornou como diretora de design sob Clare Waight Keller em 2012. Mais recentemente, a partir de 2016, foi diretora de design do ready-to-wear feminino de Anthony Vaccarello na Saint Laurent. Desde outubro de 2023, Chemena Kamali é a diretora criativa da Chloé.