
Tron: Ares chega com a missão ousada de atualizar uma das franquias mais icônicas da ficção científica digital. Sob a direção de Joachim Rønning, o filme aposta alto em espetáculo visual e sonoro — e acerta em cheio nesse aspecto. A estética neon que marcou a série está mais refinada do que nunca, com efeitos visuais envolventes que transformam cada cena em um verdadeiro espetáculo para os olhos. A trilha sonora assinada por Trent Reznor e Atticus Ross (Nine Inch Nails) amplifica a experiência e mergulha o espectador no universo cibernético do Grid com intensidade e personalidade.
A proposta narrativa também carrega potencial: uma inteligência artificial que atravessa os limites do mundo digital e entra em confronto com a realidade física, levantando questões sobre identidade, controle e ética tecnológica. São temas atuais e pertinentes, ainda que nem sempre explorados com a profundidade que merecem.
Entre os acertos, destaca-se a performance de Greta Lee, como Eve Kim, entrega uma atuação sólida e magnética. Ela é o ponto de equilíbrio entre a ação e a emoção, e dá credibilidade a um roteiro que, por vezes, vacila. Jodie Turner‑Smith também se destaca, trazendo presença e autoridade em um papel que poderia facilmente se perder no meio de tantos efeitos. Jared Leto, por sua vez, entrega uma performance mais contida do que o esperado, mas há algo interessante em sua tentativa de dar humanidade a Ares — um programa que começa a questionar o que significa realmente ser.
Entretanto, Tron: Ares tropeça justamente onde mais precisava inovar: no roteiro. Em vários momentos, a narrativa se apoia em fórmulas previsíveis, repetindo estruturas já vistas em outros filmes do gênero. Isso não compromete totalmente a experiência, mas limita a sensação de novidade. A dependência da nostalgia também pesa: referências e homenagens ao passado da franquia agradam aos fãs mais antigos, mas por vezes freiam a ambição criativa do longa.
O filme levanta muitas ideias interessantes, mas nem todas ganham o tempo ou o espaço necessário para se desenvolver. Algumas subtramas parecem ser apresentadas apenas para criar conexões com os filmes anteriores, sem de fato se integrarem de forma orgânica ao novo enredo.
No fim das contas, Tron: Ares é uma experiência visualmente cativante e sonoramente poderosa, que cumpre seu papel de revitalizar o universo Tron para uma nova geração. Ainda que não atinja todo o seu potencial narrativo, o filme funciona como um sólido (e estiloso) passo à frente. Resta agora torcer para que os próximos capítulos sejam tão corajosos em conteúdo quanto já são em forma.