
Receber o diagnóstico de câncer de mama não é uma notícia fácil. A informação causa forte impacto na vida das pessoas, tanto da paciente quanto da sua família. As emoções são as mais diversas, mas a possibilidade de cura está diretamente ligada ao diagnóstico precoce e ao tratamento indicado. Além desse momento difícil, a notícia da mastectomia é algo ainda mais delicado pra quem enfrenta o problema. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, apenas 20% das mulheres que fazem mastectomia ficam impossibilitadas de realizar a cirurgia da reconstrução por conta de alterações clínicas como, doenças do coração, descontrole da pressão arterial, diabetes não controlada, doenças do fígado e, eventualmente, doenças relacionadas ao tabagismo e obesidade. Sendo assim, poderíamos realizar mais reconstruções. Porém, infelizmente somente 30% das mulheres atendidas no âmbito do SUS a realizam.
Em 2020, durante o pico maior da pandemia do coronavírus, cerca de 1/3 dos mastologistas contraindicariam reconstrução imediata, preferindo realizá-la posteriormente, o que pode aumentar a chamada “fila de espera da reconstrução” em um país no qual as taxas já são reduzidas.
Segundo a mastologista e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional Ceará, Aline Carvalho a necessidade de uma mastectomia varia de acordo, principalmente, com a relação tumor / mama. É necessário avaliar se é possível retirar o tumor com uma margem de segurança, como também a questão da multicentricidade, que são outros tumores, em outros locais da mama acometida pelo câncer. “Muitas vezes o tumor, ou tumores são bem pequenos, mas a mastectomia é indicada para que seja realizada a retirada de todos os focos do câncer”, acrescenta.
Sobre os diferentes tipos cirúrgicos, a mastologista explica que a mulher pode se submeter a quadrantectomia, que seria uma cirurgia conservadora, onde é retirada o tumor com margem de segurança, mas é conservada a mama. Nesses casos, após a retirada do câncer pode ser realizado o remodelamento da mama. Existe também a mastectomia, onde é retirada toda a glândula mamária, poupando o envelope de pele, mamilo e aréola e casos onde é necessária uma ampla ressecção. O tamanho da ressecção irá ditar o tipo de reconstrução após a mastectomia.
Tais cirurgias, em especial a segunda, ocasionam transformações dolorosas na vida das mulheres, como alterações da autoimagem, da autoestima e até mesmo o comprometimento da sexualidade, visto que a mama é um órgão repleto de simbolismo para a mulher, feminilidade, sexualidade e maternidade. A retirada da mama pode deixar a mulher carregando fortes repercussões emocionais. O autoconceito encontra-se afetado em decorrência das alterações na imagem corporal, diante de toda essa representatividade. Entretanto, há casos onde o tratamento cirúrgico com a retirada completa da mama é mandatório para dar a margem de segurança necessária para diminuir os casos de recidiva da doença.